[Ouça enquanto leia]
Todos os dias eu penso em
escrever sobre minha experiência vivendo com transtorno de pânico, mas, graças ao
recurso de fuga e esquiva minha mente pensa: melhor deixar para outro dia. Pois
bem, esse dia chegou. Leia com calma e saiba que no fim a reflexão será
positiva.
Eu pensei que tudo tivesse seu
começo no início deste ano de 2019, em janeiro, durante uma viagem de férias.
Era para tudo ser perfeito e eu me divertir, não é mesmo? Pois bem, era. Quem
possui transtorno de ansiedade convive diariamente com uma mistura de medo e
sentimento de que gostaria que tudo desacelerasse a todo momento. Infelizmente,
temos uma grande dificuldade de vivenciar o presente. Machuca demais pensar
todos os dias que não se tem controle de nada, que tudo pode desaparecer em
questão de um piscar de olhos, ou em um estalar de dedos, como Thanos fez em
Guerra Infinita. Só que diferente dos quadrinhos, na cabeça de um ansioso, não
teríamos a chance de retornar ao passado. A gente imagina perdendo tudo:
família, amigos, amores, vida. Tudo. Talvez, seja para conseguir estar
preparado quando alguma dessas coisas um dia aconteçam. Porém, o sofrimento é
prolongado, porque a gente passa a vida convivendo com essa dor do que nem ainda
aconteceu.
A minha primeira crise foi uma
das piores situações que já vivi na vida! Corpo formigando, coração palpitando,
suor frio nas mãos, tremedeira, e por aí vai... Tinha certeza que era infarto,
porque nunca havia sentido nada parecido. Mas, também, depois de uma vida
inteira somando pensamentos ansiosos, claro que essa panela de pressão um dia
estouraria. O que não te contam é que depois da crise você se torna outra
pessoa, parece que vira uma chave. Você para de fazer o que gosta e só quer
ficar dentro de casa. Você tem medo de ter novas crises, você tem medo de si. Você
é quase vencido pelo cansaço da sua mente. Bem, ás vezes ela ganha, mas tudo bem, a gente
aprende e muito com as derrotas. O transtorno de pânico passa por sua vida que
nem um Tsunami e vai lavando tudo da frente e só resta as pessoas que realmente
te amam.
Ah, o amor, esse aí é um
potentíssimo remédio contra qualquer transtorno mental! O amor me fez ter
força, me fez acreditar que eu consigo enfrentar até a minha crise mais forte,
porque logo em seguida eu tenho alguém para me abraçar enquanto eu choro, ou
fazer um Toddy quentinho para mim. O amor cura, meus amigos. (Obrigada a todos, sempre! 💜)
No fim das contas, o amor me fez
ver que, na verdade, eu sou uma privilegiada por ter transtorno de pânico, sabe
por quê? Quando estou bem, me sinto tão feliz que quero chorar de felicidade.
Ela me fez apreciar tanto os momentos que me sinto bem em um nível catártico,
onde eu os vivencio com muita intensidade e com uma total entrega. Me sinto
mais livre hoje, com transtorno de pânico, do que quando não o tinha. É louco
dizer isso e jamais quero romantizar essa doença, porque eu sofro sim, mas
quando estou bem, me sinto plenamente feliz!
O mantra de todo ansioso deveria
ser: apenas respire!
ALERTA: É importante demais
conciliar terapia e medicação para que se consiga uma estabilidade! Ainda não
considero meu transtorno estabilizado, mas a cada dia, a cada conquista, me
sinto mais fortalecida! Nada seria de mim sem amor, sem a medicação e sem minha
psicóloga. Sendo assim, se você se identificou com alguns ou a maior parte das
sensações citadas, recomendo fortemente procurar ajuda. E, lembre-se: tudo
passa!